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FORMAÇÃO LITÚRGICA – ENTENDENDO O GLÓRIA NA LITURGIA DA MISSA

HISTÓRIA, ESTRUTURA E SIGNIFICADO CRISTOLÓGICO

Você já se perguntou por que cantamos aquele “Glória a Deus nas alturas” durante a missa? Esse hino antiquíssimo, também conhecido como Hino de Louvor, é muito mais do que uma simples canção litúrgica. É uma das peças mais antigas da liturgia cristã, com origem que remonta ao século II, e carrega em si uma riqueza teológica impressionante.

Vamos descobrir juntos os segredos desse canto que eleva nossos corações ao céu a cada celebração?

A Origem Cristológica do Glória

O Glória tem sua origem naquele canto dos anjos que ressoou pela primeira vez nos ouvidos dos pastores de Belém, na noite do nascimento de Jesus. Sim, exatamente! Tudo começou com aquela mensagem angelical de Lucas 2:14: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por ele amados!”

Mas aqui vem um detalhe interessante: apesar de iniciar com as palavras dos anjos que saudaram o nascimento de Jesus na anunciação aos pastores, este é um hino pascal. Ou seja, embora comece com o Natal, sua essência celebra a Ressurreição.

Um Cântico Centrado em Cristo

O Filho se mantém no centro do louvor, da aclamação e da súplica. O hino é um cântico de louvor cristológico, o que significa que Jesus Cristo é o protagonista absoluto dessa oração cantada.

Não é incrível como cada palavra que cantamos na missa tem uma profundidade teológica tão rica?

A História do Glória Através dos Séculos

A sua forma mais antiga é testemunhada no Oriente cristão a partir do ano 400. Inicialmente, esse hino tinha um uso bem restrito na liturgia.

Evolução Litúrgica

Nos primeiros séculos:

  • Era cantado apenas na missa presidida pelo bispo
  • O presbítero só o entoava na noite de Páscoa
  • É um hino antiquíssimo (século II)

Com o tempo, a Igreja foi expandindo seu uso, até chegar à prática atual que conhecemos hoje.

Estrutura do Glória na Missa

O Hino de Louvor tem uma estrutura teológica muito bem definida, seguindo um movimento trinitário impressionante:

1. Louvor ao Pai

“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por ele amados. Senhor Deus, Rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso, nós vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, nós vos glorificamos, nós vos damos graças por vossa imensa glória.”

2. Súplica ao Filho

“Senhor nosso, Jesus Cristo, Unigênito do Pai, vós, de Deus Cordeiro Santo, nossas culpas perdoai!”

3. Conclusão Trinitária

“Só vós sois o Santo, só Vós o Senhor, Só Vós o Altíssimo, com o Espírito Santo, na Glória de Deus Pai”

Percebe como é uma oração completa que abraça toda a Santíssima Trindade?

Quando o Glória é Cantado na Missa

Você sabia que o Glória não é cantado em todas as missas? Existe uma liturgia específica para seu uso:

Quando SIM cantar o Glória:

  • Aos domingos – exceto os do tempo da quaresma e do advento
  • Nas festas e solenidades da Igreja
  • Em todos os dias do tempo pascal
  • Na Missa do Natal (Missa do Galo)
  • Na Missa da Ceia do Senhor (Quinta-feira Santa)
  • Na Celebração do Sábado de Aleluia (Vigília Pascal)

Quando NÃO cantar o Glória:

  • Durante todo o Advento
  • Durante toda a Quaresma (exceto solenidades)
  • Em missas de semana comum (exceto festas)

Como o Glória é Executado na Liturgia

É começado pelo sacerdote ou, se for oportuno, por um cantor, pelo coral ou pela schola, e é cantado ou por todos em conjunto, ou pelo povo alternando com a schola, ou só pela schola.

ScholaCoral
Função litúrgica ministerialMais voltado para apresentação
Canta COM a assembleiaPode cantar PARA a assembleia
Conhece regras litúrgicasFoco na qualidade musical
Veste-se de forma simplesPode usar vestes especiais

Formas de Execução:

  1. Cantado por todos juntos
  2. Alternado entre povo e coro
  3. Apenas pelo coro
  4. Recitado em conjunto
  5. Recitado alternadamente por dois coros

Qual forma você mais gosta na sua paróquia?

A Importância Teológica do Glória

Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma mistura de louvor e súplica, em que a assembleia congregada no Espírito Santo, dirige-se ao Pai e ao Cordeiro.

O Glória Como Oração Completa

Este hino nos ensina a:

  • Louvar: Reconhecemos a grandeza de Deus
  • Adorar: Prestamos culto verdadeiro
  • Suplicar: Pedimos perdão e misericórdia
  • Professar a fé: Declaramos nossa crença trinitária

Variações e Cuidados Litúrgicos

Um ponto importante: pode ser cantado, desde que mantenha a letra original e na íntegra. Isso significa que não podemos fazer adaptações ou usar paródias no lugar do texto oficial.

O Que Evitar:

  • Paródias de músicas seculares
  • Letras modificadas ou incompletas
  • Cantos que não sejam especificamente o texto do Glória
  • Improvisos que alterem a estrutura teológica

A liturgia pede fidelidade ao texto porque cada palavra tem seu significado teológico específico.

O Glória na Nossa Vida Espiritual

Movida pela ação do Espírito Santo, a assembleia entoa esse hino. Isso significa que quando cantamos o Glória, somos conduzidos pelo próprio Espírito de Deus.

Como Viver o Glória:

  • Consciência: Entender o que estamos cantando
  • Participação ativa: Cantar ou recitar com o coração
  • Louvor verdadeiro: Deixar que seja realmente um momento de adoração
  • União comunitária: Sentir-se parte da assembleia celebrante

Um Convite à Adoração

Encerra o rito de entrada e introduz a assembleia na celebração do dia. O Glória funciona como uma porta de entrada solene para o mistério eucarístico que se desenrolará.

Da próxima vez que você estiver na missa:

  • Preste atenção nas palavras que está cantando
  • Deixe seu coração se elevar em louvor
  • Sinta-se parte daquela tradição milenar
  • Una sua voz ao coro dos anjos de Belém

É PERMITIDO TER REFRÃO NO CANTO DO GLÓRIA?

SIM! A versão com refrão é PERMITIDA pela CNBB

Baseando-me nas informações encontradas, posso confirmar que:

É Oficialmente Aprovada

A CNBB permite que “eventualmente, pode ser acrescentado um refrão a este texto, conforme os exemplos do Hinário Litúrgico da CNBB, fascículo 2”.

O Refrão Específico Mencionado:

“Glória! Glória! Anjos no céu cantam todos seu louvor e na terra, homens de paz, Deus merece o louvor.” Agência BrasilBiblioteca Católica

Como Funciona na Prática:

Estrutura Aprovada:

  1. Refrão: “Glória, Glória! Anjos no céu cantam todos seu amor! E na terra, homens de paz: Deus merece o louvor!”
  2. Estrofes: O texto integral do Glória é cantado entre os refrões
  3. Repetição: O refrão retorna após cada parte do texto oficial

Por Que É Permitida:

1. Facilita a Participação

  • O refrão torna mais fácil para a assembleia participar
  • Melodia mais simples e memorável
  • Estrutura que encoraja o canto comunitário

2. Mantém a Integralidade

  • O texto completo do Glória é preservado
  • Nada é omitido ou alterado
  • O refrão complementa, não substitui

3. Aprovação Oficial

  • Consta nos exemplos do Hinário Litúrgico da CNBB
  • É reconhecida como opção litúrgica válida
  • Parte do repertório oficial brasileiro

Diferenças das Versões Não-Aprovadas:

✅ Esta versão SIM:

  • Usa refrão aprovado pelo Hinário da CNBB
  • Mantém texto integral nas estrofes
  • Segue orientações litúrgicas oficiais

❌ Outras versões NÃO:

  • Refrãos inventados ou adaptados
  • Resumos do texto original
  • Versões que omitem partes do Glória

Exemplo de Como É Cantado:

Refrão: “Glória, Glória! Anjos no céu…” 1ª Estrofe: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra…” Refrão: “Glória, Glória! Anjos no céu…” 2ª Estrofe: “Senhor Deus, Rei dos céus…” Refrão: “Glória, Glória! Anjos no céu…” E assim por diante…

Orientação Pastoral:

Para Músicos e Corais:

  • Podem usar essa versão com tranquilidade
  • É amplamente aceita nas paróquias brasileiras
  • Consta em hinários e cancioneiros oficiais

Para Fiéis:

  • Participação mais fácil e dinâmica
  • Memorização facilitada pelo refrão
  • Mantém toda a riqueza teológica do texto

Conclusão: Esta versão do Glória com o refrão “Glória, Glória! Anjos no céu…” é plenamente aprovada e recomendada pela CNBB, constando inclusive em suas publicações oficiais. É uma excelente opção para facilitar a participação da assembleia sem perder a fidelidade litúrgica!

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